Resenha: Os tais caquinhos

 

Autora: Natércia Pontes

Editora: Companhia das Letras

Número de Páginas: 144

Ano: 2021

Avaliação:  ☆☆☆

Sinopse: Faltava muita coisa no apartamento 402. Mas sobravam muitas outras: caixas de papelão, bandejas de isopor, cacarecos, baratas, cupins, muriçocas, poeira, copos sujos. Abigail, Berta e Lúcio formam um trio nada convencional. Duas adolescentes dividem o apartamento com o pai, um homem amoroso, idiossincrático, acumulador, pouco afeito à vida prática, que torce para que a morte venha logo lhe buscar e dá conselhos incomuns às filhas: É muito bom sentir fome.
Os tais caquinhos é um romance de formação trágico e comovente, capaz de arrancar risos nervosos. Ao descrever o dia a dia de uma família simbiótica em meio à cordilheira de lixo que só faz crescer, Natércia Pontes desenha um fascinante retrato de três pessoas que buscam conviver com seus sonhos e suas fantasias, suas manias e seus anseios, seus medos e suas revelações.

Nesse livro iremos conhecer uma família completamente disfuncional que vive em um apartamento de classe média, Lúcio o patriarca da família tem sérios problemas - ele é acumulador. Ele e suas filhas vivem em um ambiente nada agradável, o local está infestado de bichos, muita sujeira e toda a tralha que Lúcio acumula. 
Suas filhas quando não estão passando fome a ponto de pedir comida para ele, estão na casa dos vizinhos pedindo ovos. 

Com uma narração em primeira pessoa por uma das filha dele, acompanhamos o dia a dia dessa família e toda a carga emocional que é viver com alguém que tem essa doença. O livro possuí capítulos curtos, o leitor tem a sensação de estar lendo um diário onde Abigail conta sua rotina. 
Vemos que a garota parece não ter noção do grande problema que sua família está passando, as vezes ela tenta esconder suas emoções e a medida que vai crescendo vemos as experiências que ela está sendo submetida.

Lúcio é um pai que deixa as filhas passarem fome a ponto de alimentá-las as vezes quando pedem, as garotas sofrem vários tipos de agressões de estranhos, uma das filhas vive quase o tempo todo na casa das amigas, enquanto Abigail passa bastante tempo no local em meio a sujeira. 
A família realmente está despedaçada e a medida que o leitor vai lendo ele percebe que algumas situações são descritas de forma tão leve - num tom até tedioso -, Abigail não tem noção de quanto aquelas situações são erradas, realmente uma adolescente sem qualquer direção.

É uma leitura breve e sem tanto aprofundamento, mas ao mesmo tempo tão forte que faz o leitor refletir sobre as situações. Vamos vendo todas essas coisas horríveis acontecendo, mas ninguém parece se importar a ponto de parar aquilo. 
Apesar de estar envolvida com a história, eu não consegui me conectar com nenhum personagem, foi um livro que gerou desconforto pela situação em que todos se encontravam e pequenas reflexões, mas nada além disso!

Esse foi meu primeiro contato com a escrita da autora, é bastante fluída, mas no momento não leria novamente algo da mesma. Talvez eu tenha esperado demais dessa história, não me entenda mal, ela não é nenhum pouco ruim, mas também não foi uma leitura extraordinária. 
Esse livro foi disponibilizado para mim através da plataforma netgalley, por ter lido o ebook não tenho nada para comentar sobre a edição física. 

E como sempre digo: eu posso não ter gostado, mas leia e tire suas próprias conclusões. 

“Filha, não jogue as minhas coisas fora. Eu imploro. Nelas eu guardo a minha vida inteira.”

1 comment

  1. Livro e leitor são únicos e essa é a grande magia da literatura. Na maioria das vezes, funciona de maneiras diferentes a cada um.
    E tá tudo ótimo não ter gostado, como também está tudo ótimo se amar a leitura.
    Como eu ainda não li,preciso testar rs
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na flor

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