Resenha: Amali


Autora: Jéssica Macedo
Editora: Portal Editora
Número de Páginas: 192
Ano: 2018
Avaliação:    (0,5)
Sinopse: Brasil 1824.Amali nunca aceitou os rumos de sua vida. Arrancada do seio de sua família, foi vendida como escrava em um país desconhecido.
Com um espírito livre e questionador, resiste às imposições e injustiças, sofrendo as amarguras de uma luta silenciada pela opressão e violência.
Colocando em cheque a vida de um recluso barão do interior de Minas Gerais, que havia perdido mais do que se julgava capaz de suportar, Amali mostra toda a sua força, conquistando a própria alforria e lutando pela liberdade dos demais.

Amali foi arrancada de sua terra natal de forma brutal, vendida como escrava e agora precisa aprender a viver uma vida humilhante. A jovem terá de servir como escrava a um barão que mora no interior de Minas Gerais, um homem que sofreu uma grande perda e precisa lidar todos os dias com seus demônios interiores. 
Lendo essa pequena introdução é possível imaginar uma história interessante sendo contada, mas infelizmente não é o que acontece com esse livro. 
Vale lembrar que essa história é baseada em A Bela e a Fera, então vamos acompanhar uma releitura desse conto de fadas.

O barão é um homem recluso que após a morte da esposa acabou afundando-se em sofrimento, não apenas por isso, mas também por sua aparência deformada. Aquele maldito dia mudou tudo em sua vida, ele simplesmente não consegue mais ter forças para viver e acaba ficando cada vez mais afastado das outras pessoas. Essa foi a justificativa que a autora usou para que o barão não notasse tudo que acontecia em sua fazenda, mas isso realmente é muito difícil de engolir.
Fernando deixa basicamente tudo na mão capataz! O que não faz sentindo algum, pois como um senhor não sabe o que acontece em sua fazenda e deixa seus bens serem gerenciados por um empregado que faz o que tiver vontade?
O personagem é completamente incoerente. Ele é contra a escravidão, mas tem escravos em sua fazenda. Seu capataz faz as coisas da forma que lhe convém (comprando escravos e etc) sem qualquer problema e o barão nunca se questionou porque os escravos estarem sendo tratados daquele jeito e todos os outros absurdos?
É impossível que ele veja os escravos imundos/maltratados e não desconfie de nada (a não ser que ele seja cego ou surdo). Se eu vejo um escravo andando igual um animal maltratado eu vou pensar o quê? Que ele ficou assim magicamente?

Agora vamos analisar Amali. Ela aguenta diversas coisas calada em "nome do amor". Como alguém que foi queimado a ferro quente consegue aguentar tamanha humilhação e situações horríveis, e ficar sem sequela psicológica? Isso sem contar as outras coisas que acontecem com ela. 
A jovem muda do dia para a noite assim que começa a ficar atraída por Fernando. A garota que antes bradava aos quatro ventos quem ela era e que iria fugir ... agora está decidida a ficar na fazenda.
Ela como filha de um grande guerreiro/líder tribal não sabe nada sobre a sua tribo, de onde veio ou qualquer coisa que envolva sua terra natal. Isso chega a ser irracional, pois quando uma pessoa é tribal uma das primeiras coisas que ela aprende é a se reconhecer como parte de uma tribo, seus costumes, crenças e tudo mais. Mas, ela não sabe nada que indique de onde ela veio???? 

O livro romantiza diversas situações preocupantes, um exemplo delas é o estupro. O estupro é colocado como algo que não foi consumado e por isso não teria acontecido, que não houve nada demais (como se estupro fosse apenas penetrar outra pessoa), mas temos que saber que estupro não trata-se apenas penetração. O pior de tudo é que esse "artifício" é mostrado apenas para termos Fernando como salvador.
Temos violência verbal e física sendo mostrada como algo banal, e misteriosamente tudo se resolve da forma mais fantasiosa possível. Chega a ser absurdo.
A história compara escravidão a serviços domésticos, como se todas as situações degradantes fossem equiparadas a varrer uma casa, lavar uma louça e etc. Afinal você foi arrancada do seu lar para ser escrava, mas como está acostumada a dividir tarefas domésticas com as irmãs, tudo okay. 

A história toda é incongruente, pois várias coisas não batem. A cronologia do livro está errada, a autora copiou informações do wikipédia para tentar dar "uma aprofundada no enredo", mas o tiro saiu pela culatra - é possível ver os hiperlinks dos artigos copiados.
Juntando tudo isso a enorme quantidade de erros gramaticais, temos um dos piores livros que eu li esse ano. O livro todo é basicamente falta de tato, falta de vergonha e falta de respeito. 

Resolvi não citar todos os erros na resenha, pois o texto ficaria enorme. Mas, creio que deu para entender aonde eu quero chegar. 
A autora trocou a capa e a sinopse para tentar amenizar toda a situação/história, mas isso com certeza não iria diminuir a repulsa que essa leitura causou. Não tenho nenhum ponto positivo para citar.

10 comments

  1. Oi tudo bem?
    Concordo com tudo que vc descreveu, o livro é tão cheio de erros e incoerência que não sei como tiveram coragem de publicar algo assim, sem contar com a romantização de uma época que não deveria ser romantizada.
    Parabéns pela resenha e pela coragem em terminar a leitura.

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  2. Guerreira!
    Terminar a leitura dessa porcaria é para os fortes.
    Passar de 10% foi impossível pra mim.
    Adorei sua resenha!

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  3. Oi Alice, vi a polêmica que se instalou em torno desse livro, que foi criticado antes mesmo de ser lançado e acho que isso acabou tornando-se um pouco positivo pra autora, e eu que até então não conhecia o livro, a história ou ela passei a conhecer e fiquei com uma pontinha de curiosidade sobre o livro, pois acho que tem que se ler para depois criticar e não achei certo a forma como a autora foi criticada inicialmente, por pessoas que não tinham lido se entendi certo a história da polêmica. Mas eu gosto de pesquisar bastante antes de adquirir uma obra e as resenhas que tenho visto de pessoas que leram, assim como a sua, não estão animadoras e os pontos levantados são bem pontuados, o que é uma pena, a história tinha potencial. Então, pelo menos por agora, não pretendo ler a obra pra tirar minhas conclusões, mas espero que a autora consiga tirar das criticas ensinamentos para seus livros futuros ;)

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    1. Mas, houveram pessoas que leram antes para poder criticar e ainda sim a autora não soube aceitar.
      É até imoral ela escrever esse tipo de obra e querer que as pessoas aceitem numa boa.
      Pelo discurso dela acerca das criticas duvido muito que ela vá mudar alguma coisa ....

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  4. Oi, Alice!

    Não sei se entendi direito essa parte da resenha: "é possível ver os links dos artigos". O que exatamente você quis dizer?

    Beijos,
    Karen Soarele

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    1. Que ao clicar em determinadas páginas é possível ver diversas palavras sublinhadas com hiperlink de artigos do wikipédia.

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  5. Alice!
    O maior mal dos autores é justamente não aceitarem críticas.
    O livro parece mesmo cheio de incongruências e situações qque não dá para entender de forma lógica...
    Nunca tinha ouvido falar do livro e pelo visto, certeza que não farei a leitura, porque tenho outros livros muito bons para ler.
    “Os lírios não bastam. As leis não nascem das flores. Meu nome é luta, e escreve-se na história.” (Luciana Maria Tico-tico)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MARÇO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  6. Não consigo entender como ainda há autores que não se deixam criticar, ainda mais quando à princípio, o trabalho não ficou lá estas coisas.
    Romantizar escravidão??
    Como assim???
    Amenizar toda uma situação grotesca, suja, feia??
    Isso não existe!
    Admito que prefiro não ler coisas assim :/
    Beijo

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  7. Eu me lembro de quando rolou toda polêmica com esse livro na internet mas pelo que eu tinha visto era outro título o livro se chamava a Escrava e a Fera mas eu realmente Achei bem insano da parte da autora e ela esclareceu dizendo que queria que esse livro fosse usado como paradidático mas gente sem cabimento uma coisa dessas

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