Resenha: Gay de Família

 

Autor: Felipe Fagundes

Editora: Paralela

Número de Páginas: 272

Ano: 2022

Avaliação:  ☆☆☆☆☆

Sinopse: Diego espera tudo de ruim dos próprios parentes, mas tudo mesmo. Que o pai tenha uma segunda família. Que a mãe comande um esquema de tráfico humano. Que o irmão lave dinheiro. Por serem versados em todos os crimes do manual da família tóxica, Diego decidiu ser gay bem longe deles. E tudo vai muitíssimo bem, obrigado.
Porém, às vésperas de uma viagem aguardadíssima com amigos, seu irmão aparece implorando por um favor: que Diego seja babá dos três sobrinhos por um final de semana, crianças com as quais ele nunca conviveu. De olho na grana que o irmão promete pagar e acreditando piamente no seu potencial como tio, ele aceita a proposta sem imaginar que os pequenos são, no mínimo, peculiares.
O que a princípio parece moleza, mesmo envolvendo uma gata demoníaca, um amigo imaginário e um porteiro potencialmente sádico, acaba se revelando um desafio quando Diego percebe que terá que revirar seus sentimentos e provar que pode dar conta do recado, sem perder o rebolado que apenas um tio gay é capaz de manter.

Diego mora com a melhor amiga e atualmente não tem muito contato com a família, pois precisou sair muito novo de casa. Diego teve uma criação muito difícil, os pais não aceitavam muito bem que ele era gay, eles eram bastante críticos e manipuladores quando o assunto envolvia seus filhos. 
Atualmente Diego está arrumando sua mala para viajar com seus amigos quando recebe um ligação do irmão Diogo implorando para que Diego cuide dos sobrinhos por um final de semana. 

Diego pensa em recusar a proposta, mas o irmão parece desesperado para comparecer ao retiro de casais e ofereceu uma quantia em dinheiro para que ele banque a babá, então por que não? 
Diego acaba aceitando a proposta, ele não tem muito contato com seus sobrinhos e não consegue nem lembrar os nomes das crianças a ponto de chamá-los de Diogo 1, Diogo 2 e Diogo 3.

Diogo 1 é Ester, uma garotinha muito calada que constantemente é lembrada pelos avós que está gorda e precisa comer mais frutas, Diogo 2 é Miguel, uma criança que não para quieta um minuto e se for deixada sozinha é certeza que vai aprontar alguma coisa e por último temos Diogo 3, Gabriel é o mais mórbido e fala com um amigo imaginário o tempo inteiro (talvez não seja tão imaginário assim).
A medida que as páginas passam vamos notando que Diego começa a lembrar o nome das crianças e aos poucos vai se apegando a uma parte da família que nunca cogitou que teria, afinal seus outros parentes fazem questão de lembrá-lo o quanto ele é uma desgraça por ser gay. 

Apesar da história ser carregada de humor, notamos que isso é um tipo de mecanismo de defesa para aliviar as micro agressões que Diego passou em sua família. Aos poucos ele nota o que seus pais tem feito com as crianças, como por exemplo não deixar Ester comer pão porque está "gorda demais".
Esse livro foi uma grata surpresa, me diverti do começo ao fim da leitura, temos até mesmo um toque sobrenatural na história. 

O autor tem uma escrita muito fluída e bastante envolvente, o livro cumpre muito bem sua proposta e com certeza foi uma grata surpresa ler. Fiquei muito feliz em saber que a Paralela resolveu lançar o autor e espero ler mais livros dele no futuro.
Algo que notei foi que alguns leitores acharam Diego um pouco estereotipado, mas acredito que a construção do personagem deixou toda a história bem leve e divertida, esse com certeza foi o diferencial da trama, pois por mais que pareça alguns estereótipos o livro não fica forçado, pelo contrário!

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